Assim como o antiviral remdesivir, vários outros medicamentos estão sendo testados para combater a COVID-19. Uma das apostas que está sendo testada pela Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, é a bicalutamida

Bicalutamida é uma substância que inibe o crescimento de tumores na próstata e ajuda a diminuir a evolução desse tipo de câncer identificado no sexo masculino. Ao mesmo tempo, já é sabido que os homens são desproporcionalmente afetados pelo coronavírus em relação às mulheres em termos de mortalidade e morbidade. Ou seja: os resultados do COVID-19 são piores em pacientes do sexo masculino. Isso deve-se a diversas razões, mas uma possível explicação poderia ser a diferença nos níveis de andrógenos – hormônios sexuais, como a testosterona. 

Dados clínicos de pacientes com COVID-19 demonstraram que as doenças da próstata são fatores de risco significativos, e que as variantes genéticas que aumentam os níveis de andrógenos estão associadas a uma maior gravidade da doença. 

RELAÇÃO ENTRE COVID E O CÂNCER DE PRÓSTATA

A TMPRSS2 é uma proteína presente em nossas células, principalmente nos tratos digestivo e respiratório. Também é responsável pelo funcionamento normal da próstata. Ou seja, qualquer problema com ela pode ser sinal de câncer. 

Ao mesmo tempo, a TMPRSS2 possui uma característica que facilita a entrada de vírus no organismo, em especial aqueles formados por uma outra proteína, chamada spike – a mesma usada pelo coronavírus para penetrar nas células e de onde vem o nome “corona”, por se assemelhar a uma coroa. 

Na uro-oncologia se utilizam medicamentos denominados de antiandrogênicos (como abiraterona, enzalutamida, apalutamida e a própria bicalutamida), que bloqueiam a sinalização da testosterona de várias maneiras. Embora desative muitos genes relacionados ao desenvolvimento e progressão do câncer de próstata, provavelmente diminui também a expressão do TMPRSS2 nas células normais. 

Assim, uma questão vem sendo colocada para discussão: se o tratamento para o câncer de próstata pode inibir a TMPRSS2, isso pode reduzir a taxa de infecção ou mortalidade da Covid-19? 

BICALUTAMIDA NO TRATAMENTO DA COVID-19

Um estudo da Universidade da Flórida, que está sendo realizado desde outubro de 2020, investiga essa relação entre os hormônios masculinos e quer verificar a ação de medicamentos utilizados no combate ao câncer de próstata – neste caso específico, a bicalutamida – para reduzir a replicação do vírus e melhorar o resultado clínico dos pacientes acometidos pelo coronavírus.

O estudo propõe testar a bicalutamida em um ensaio randomizado duplo-cego controlado por placebo em pacientes do sexo masculino com doença precoce sintomática por COVID-19. Cada sujeito receberá 150 mg de bicalutamida por dia, por até 4 semanas. 

Apenas homens maiores de 18 anos de idade são elegíveis para este ensaio que testa agentes anti-andrógenos. Este medicamento não foi aprovado para uso em mulheres. Apesar disso, confirmado o efeito benéfico, pode auxiliar o sistema de saúde como um todo, recuperando pacientes mais rapidamente e aumentando as chances de cura da COVID-19. 

O estudo da Universidade da Flórida tem previsão de conclusão em setembro de 2022. Enquanto isso, siga acompanhando nosso blog e mantenha-se informado sobre todas as atualizações sobre os testes da Universidade da Flórida e outras ações de combate ao coronavírus. 

*Importante: este artigo foi escrito com a intenção de simplificar o conteúdo do estudo e facilitar o entendimento. Caso precise de mais informações, consulte seu médico ou entre em contato com a equipe da Farmácia Medicom (Cristal).*

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